Gestão Ambiental

Economia circular: o que é e como funciona?

Robson Pereira
Escrito por Robson Pereira em 9 de maio de 2023
Economia circular: o que é e como funciona?
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A economia circular é uma resposta aos danos ambientais causados pelo modelo econômico linear, que apenas produz, consome e descarta. O modelo circular tem como objetivo promover a sustentabilidade por meio da criação de um ciclo fechado onde os recursos são usados de forma sustentável.

Algumas das ações nesse modelo incluem redução do desperdício, uso racional dos recursos naturais, reciclagem e a reutilização de materiais, entre outros. O foco é permitir o avanço tecnológico da indústria e a provisão das necessidades da sociedade moderna, mas sem impactar o meio ambiente.

No artigo de hoje, falaremos sobre os principais conceitos da economia circular, seus benefícios, oportunidades, exemplos de organizações que estão adotando esse modelo e como implementá-la na sua empresa. Boa leitura!

O que é economia circular?

Economia circular é um conceito econômico que visa associar desenvolvimento e sustentabilidade. Nesse modelo, isso é feito por meio da redução do desperdício, mantendo um bem em circulação pelo maior tempo possível. Com isso, é possível diminuir a poluição do meio ambiente e promover hábitos de consumo mais saudáveis, propiciando uma sociedade mais consciente.

A economia circular surgiu como uma resposta para os hábitos de produção e consumo nocivos da economia linear, modelo econômico mais comum atualmente. No formato linear, a ordem é: produzir, usar e descartar. Tudo isso sem muito critério sobre os danos ambientais causados pelo grande volume de descarte de resíduos no meio ambiente.

Por outro lado, a economia circular se concentra em manter materiais e produtos em uso pelo maior tempo possível, minimizando esse efeito negativo no meio ambiente. Esse modelo também tem como objetivo minimizar a extração de matérias-primas e estimular hábitos de consumo mais conscientes.

Por esse motivo, a economia circular é tida como uma resposta para os desafios ambientais e sociais enfrentados em todas as partes do mundo. O modelo entende que é preciso manter o crescimento econômico, mas que também é essencial garantir que isso seja feito de maneira sustentável.

Que mundo estamos deixando para as próximas gerações?

Antes de mais nada, para entender a necessidade de iniciativas como a economia circular, é preciso ter um olhar sobre as questões que levaram a sua criação, ou seja, os problemas ambientais enfrentados em nível mundial.

Nesse sentido, é fácil entender que o formato de desenvolvimento linear cria uma série de desafios ambientais, sendo que eles certamente serão herdados pelas próximas gerações.

Se pensarmos na indústria da moda, por exemplo, a segunda mais poluidora do mundo, foram mais de 92 milhões de toneladas de resíduos descartados nos últimos anos. E o mais assustador é que a projeção é de uma aumento de 60% neste número nos próximos 8 anos.

Além disso, dados da ONG SOS Mata Atlântica dão conta de que apenas 6,5% dos rios brasileiros possuem uma água de boa qualidade, sendo que grande parte está perdendo até mesmo a capacidade de abrigar sua fauna natural, devido ao estado de poluição.

Dados da ONU mostram ainda que 99% da população mundial respira um ar abaixo do padrão recomendado pela OMS, o que representa risco de doenças no aparelho respiratório, cardiovascular e cerebrovascular. Nesse caso, o grande vilão é a queima de combustíveis fósseis.

Dados como esses mostram que o planeta enfrenta dificuldades para conciliar suas atividades necessárias, como indústria e transporte, por exemplo, com modelo de sustentabilidade eficaz. Com isso, o meio ambiente sofre as consequências, o que é repassado para as pessoas, que estão cada vez mais doentes. Para dar uma ideia, estima-se que a poluição cause 7 milhões de mortes prematuras todos os anos.

A boa notícia é que o nosso planeta não é um caso perdido e ainda há tempo para reverter grande parte dos danos causados pela atividade humana. A adoção de medidas como a economia circular estão entre as mais eficientes para a preservação ambiental e controle das mudanças climáticas, sem abrir mão do progresso industrial.

Principais características da economia circular

A economia circular é uma abordagem econômica com foco na minimização de impactos no meio ambiente. Algumas das principais características da economia circular incluem:

  • Utilização responsável de recursos naturais: uso racional dos recursos naturais na fabricação de produtos, evitando uso indiscriminado de fontes não renováveis. Isso inclui o uso de energia limpa, extração legal de madeira, entre outros.
  • Redução do descarte de resíduos: criação de políticas para minimizar o descarte de resíduos no meio ambiente, evitando a poluição das águas e do solo.
  • Aumento da vida útil dos produtos: fabricação de itens mais duradouros, permitindo que sua vida útil seja maior. Além de incentivo para reutilização e reciclagem de produtos, o que faz com que ele permaneça em circulação pelo maior tempo possível.
  • Reutilização e reciclagem de itens: redução da geração de lixo por meio do incentivo à reutilização de itens em bom estado e a reciclagem dos produtos que já não podem mais ser utilizados para seu propósito inicial.
  • Adoção de tecnologias avançadas: incentivo à adoção de tecnologias avançadas, como a inteligência artificial e impressão 3D para maximizar a eficiência dos recursos e minimizar o desperdício.

3 princípios da economia circular aplicados à gestão de resíduos e recursos naturais

A economia circular tem como base os seguintes princípios: redução, reutilização e reciclagem. Esses conceitos podem ser incluídos no planejamento ambiental da sua empresa para reduzir os impactos sobre o meio ambiente. Esses princípios são:

1- Redução

O princípio da redução atua ainda na fase mais inicial que é durante a produção do item. Ele busca reduzir a quantidade de matéria-prima e recursos naturais usados na produção de bens e serviços. Com isso, é possível otimizar o trabalho dentro das fábricas por meio de processos mais eficientes e uso de tecnologias limpas, por exemplo.

Esse princípio também fala da redução do consumo, ou seja, ele convida o consumidor a repensar seus hábitos de consumo e aderir a um modelo mais contido, focado no essencial.

2- Reutilização

A reutilização fala sobre o uso de um produto ou material para o mesmo fim por mais de uma vez. Em outras palavras, ela prega que um item não seja descartado após o uso, mas sim usado mais uma vez, mantendo a mesma usabilidade de quando foi adquirido pela primeira vez.

Um exemplo de reutilização está no uso de garrafas retornáveis em vez de garrafas descartáveis e em optar por comprar roupas de segunda mão em brechós. Nesses casos, há uma redução da necessidade de produzir novos itens, o que reflete em menos resíduos.

3- Recuperação e reciclagem

Quando um produto ou material não pode mais ser usado para o seu propósito original, a recuperação entra em cena. Esse conceito fala sobre a necessidade de recuperar os materiais para que possam ser usados de outra forma, em vez de descartá-los.

O uso de resíduos orgânicos para a produção de biocombustíveis é um bom exemplo de recuperação, assim como o uso de materiais descartados para fazer artesanato. Por meio desse processo, é possível transformar itens que seriam considerados “lixo” em novos produtos.

Etapas da economia circular

Tal qual o nome indica, é preciso pensar nas etapas da economia circular como um círculo, onde as etapas, apesar de independentes, se complementam na criação de um modelo sustentável. Essas fases são:

  • Extração: a primeira etapa consiste na extração das matérias-primas necessárias para a produção de bens de consumo. Na economia circular, a extração de recursos é minimizada, buscando reduzir ao máximo seus efeitos nocivos.
  • Transformação: em seguida, ocorre a transformação dessas matérias-primas no produto final. Essa etapa também é otimizada, sendo que a economia circular prega o uso de materiais renováveis e a produção de itens que podem ser reutilizados.
  • Consumo: após a venda do produto final para o consumidor, vem a etapa que envolve o uso deste item, conforme sua funcionalidade. Nessa fase, é preciso adotar o consumo consciente, evitando compras por impulso e o descarte de produtos que ainda possuem utilidade.
  • Manutenção e reparação: uma das bases da economia circular está na reparação e manutenção de produtos. Ou seja, procurar uma nova finalidade para um item que não lhe serve mais, em vez de descartá-los e substituí-los por novos produtos.
  • Reutilização: essa etapa fala de quando o item não possui mais utilidade para o comprador, mas ainda pode ser usado com a mesma finalidade. Em vez de descartá-los, é recomendado buscar novas maneiras de usá-los ou repassá-los para outra pessoa.
  • Reciclagem: quando um item já não pode mais ser usado para o seu objetivo inicial, ele ainda pode ser reciclado e transformado em um novo produto. É possível reciclar embalagens, papel, vidro, papelão e muitos outros materiais.
  • Descarte consciente: quando chegar o momento em que um produto não possa mais ser utilizado, é preciso pensar em formas de descartá-lo de maneira adequada, evitando poluir solo e água.

Benefícios da adoção da economia circular

O atual modelo de economia linear tem gerado danos gigantescos ao meio ambiente, afetando a vida de milhões de pessoas e ameaçando a manutenção da biodiversidade no nosso planeta.

Com isso, a adoção da economia circular é de extrema importância, pois traz diversos benefícios para empresas e sociedade, como:

Para empresas

1- Redução de custos

Ao adotar práticas da economia circular, as empresas conseguem reduzir custos relativos ao processo produtivo, como matéria-prima e gestão de resíduos, por exemplo. Isso pode ser alcançado por meio da redução do desperdício e reutilização de materiais, além da redução do uso de recursos naturais.

2- Inovação

A economia circular incentiva a criação de modelos de negócios inovadores e adoção da tecnologia no ambiente de trabalho como uma forma de otimizar os processos da empresa. Como resultado, a organização se torna mais moderna, algo visto com bons olhos pelo mercado como um todo.

3- Otimização de matérias-primas

Um dos pilares da economia circular é a otimização do uso de matérias-primas, desde sua extração até o uso consciente e possível reuso dos resíduos. Com isso, a empresa garante que não haja desperdícios, reduzindo custos e utilizando os insumos de maneira mais eficiente.

4- Melhoria da reputação

Como sustentabilidade é um assunto em alta no mundo inteiro, a adoção de medidas como a economia circular pode aumentar a percepção positiva que o mercado tem de uma empresa.

Segundo o levantamento Retratos da Sociedade: hábitos sustentáveis e consumo consciente, 74% dos consumidores brasileiros levam em conta sustentabilidade na hora de fazer compras, o que mostra que esse fator é essencial para a reputação da empresa.

5- Cumprimento de regulamentações

Empresas estão sujeitas a multas e sanções, caso não obedeçam às regulamentações ambientais em vigor. Nesse sentido, a economia circular pode ser uma aliada para impedir que esse tipo de não conformidade ocorra ao reduzir o impacto ambiental das atividades.

Para a sociedade

1- Um mundo mais saudável

A economia circular atua na redução de impactos ambientais. Como resultado, é possível diminuir a extração de recursos naturais e reduzir a quantidade de resíduos gerados. Isso contribui para a preservação do meio ambiente, revertendo os danos causados nas últimas décadas, o que proporciona um planeta mais saudável.

2- Criação de empregos

A adoção de práticas de economia circular também contribuem para justiça social e redução da taxa de desemprego e pobreza no país. Isso pode ser alcançado por meio da criação de novos empregos, inclusive em áreas remotas, criando uma valorização de comunidades locais.

3- Melhoria da qualidade de vida

A redução de danos ambientais tem um impacto enorme na saúde da população, visto que questões como poluição do ar, da água e do solo são geradores de males e doenças. Nesse contexto, a economia circular pode contribuir para garantir o acesso a recursos naturais, como água e ar limpos, melhorando a qualidade de vida de todos ao redor.

4- Conservação de recursos naturais:

A economia circular ajuda a conservar os recursos naturais, preservando a vida natural de uma região e garantindo a perpetuação das espécies de plantas e animais daquele ambiente. Isso é alcançado por meio do controle na extração de matérias-primas e dos resíduos gerados e descartados.

5- Cuidado com as próximas gerações

Ao reduzir os danos ambientais e promover a inclusão social, por meio da geração de empregos, a economia circular se mostra como uma ferramenta para garantir um futuro para as novas gerações. Dessa forma, é preciso repensar os hábitos de consumo para assegurar um futuro onde o planeta seja habitável.

Empresas brasileiras que usam economia circular

Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que cerca de 75% das empresas brasileiras possuem iniciativas de economia circular. Alguns exemplos são:

  • Ambipar: atua na prestação de serviços ambientais com foco em sustentabilidade para outras empresas. Ela está presente em 16 países e atua no reaproveitamento de matéria-prima, processamento de resíduos, descontaminação, entre outros.
  • Flex: a multinacional, responsável pela venda de componentes eletroeletrônicos, tem uma base de economia circular desde 2013. Seu foco está na gestão eficiente de resíduos, tanto de suas fábricas, quanto trazidos por clientes. Uma parte é reaproveitada e o restante é descartado de maneira adequada.
  • Braskem: a empresa atua no setor petroquímico e tem investido em tecnologias para a reciclagem de plásticos, evitando que eles poluam solo e água. A organização criou um programa de coleta de resíduos pós-consumo, sendo que eles são transformados em novos produtos plásticos.
  • Natura: a marca brasileira de cosméticos utiliza embalagens recicláveis em seus produtos, e tem trabalhado para reduzir o impacto ambiental de sua produção. Além disso, desde 2007, a empresa possui o selo carbono neutro, ou seja, todas as emissões do gás poluente são controladas e compensadas.
  • Bradesco: o banco possui um programa de responsabilidade socioambiental em sua cadeia de suprimentos. Com isso a empresa monitora os riscos e impactos gerados a fim de otimizá-los. Além disso, a instituição aderiu ao formato paperless, reduzindo significativamente o uso de papel em suas atividades.

Formas de implementar a economia circular na gestão ambiental da empresa

Existem diversas formas de implementar a economia circular na gestão ambiental da empresa. Veja as principais!

1- Gestão do consumo de recursos naturais

Em primeiro lugar, é preciso pensar na forma como a empresa adquire e usa os recursos naturais necessários para suas atividades. Nesse sentido, é recomendado adotar medidas para reduzir o consumo de recursos como água, energia e matérias-primas.

Além disso, é necessário buscar saber da origem dos insumos comprados, dando prioridade para fornecedores ecologicamente corretos. Ao fazer uso de tecnologias limpas e processos mais eficientes, a organização consegue atingir essa otimização das matérias-primas sem comprometer a eficiência do processo produtivo.

2- Reutilização e reciclagem de materiais

Mais uma forma de favorecer a economia circular na organização é explorar oportunidades para reutilizar e reciclar os materiais. Como resultado, a empresa consegue reduzir o impacto ambiental gerado pelas atividades e reaproveitar itens que seriam descartados.

Uma maneira de fazer isso é por meio da criação de um programa de reciclagem, o que inclui coleta seletiva, conscientização e destinação de resíduos da produção para reciclagem. Em alguns casos, é possível transformar esses resíduos em novos produtos, criando assim mais uma oportunidade de negócio para a instituição.

3- Design de produtos eficiente e sustentável

Um ponto crucial da economia circular está na criação de produtos que foram pensados para ser sustentáveis. Em outras palavras, a própria organização pode projetar itens sustentáveis desde a fase do design.

Para isso, é importante levar em conta fatores como durabilidade, reparabilidade e reciclabilidade. Ou seja, mais do que aplicar a economia circular em produtos que já existem, é preciso pensar na criação de produtos que já saiam de fábrica com essas características.

4- Colaboração na cadeia produtiva

Dentro da cadeia produtiva, a fabricação e venda do produto são apenas duas fases do processo. Por isso, para tornar as práticas sustentáveis mais eficazes como um todo, é preciso incluir os outros agentes envolvidos na cadeia.

Dessa forma, uma opção é colaborar com fornecedores, transportadores e clientes para implementar práticas de economia circular. Com isso, os efeitos positivos são ampliados, uma vez que eles estarão presentes em todas as etapas, do fornecedor ao cliente final.

5- Educação e conscientização

Por fim, é preciso lembrar que, para que as pessoas envolvidas levem a sério essas práticas, é preciso que elas estejam cientes de sua importância e impacto social. Portanto, é essencial promover a conscientização sobre o tema para os colaboradores de todos os setores.

Além disso, é importante informar os clientes sobre os benefícios da economia circular e como eles podem contribuir para um mundo mais sustentável, incentivando hábitos de consumo saudáveis.

Como vimos, a economia circular é um modelo econômico inovador, que busca aliar desenvolvimento e sustentabilidade para melhorar a qualidade de vida no mundo e garantir a sobrevivência das próximas gerações.Ao contrário do modelo linear de produção e descarte, a economia circular busca manter os recursos em circulação pelo maior tempo possível.

Como resultado, são alcançados uma série de benefícios ambientais, sociais e econômicos. Os principais são redução da poluição, otimização dos recursos naturais, a criação de empregos verdes, economia de recursos e empresas mais conscientes do seu papel no desenvolvimento sustentável!

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